sexta-feira, 8 de junho de 2012

CAMPING DO ZÉ ROQUE (PARTE 3)

 Pais descansados, crianças acordando e o Sol já indo embora, devido a falta de recursos necessários para se fazer uma janta decente na barraca resolvemos ir a cidade não só para comer alguma coisa, mas também mostrar as crianças as tradições das comemorações da Pascoa em uma cidade de interior, e por sorte era a noite da Vigília Pascal, mesmo sendo um católico não praticante e a muito afastado da igreja, ainda sim sigo algumas tradições.
 O frio da noite havia chegado ao camping, todos agasalhado e prontos para mais um passeio. Saímos do camping já a noite, a estradinha sinuosa e vazia somente a luz do farol do carro e a claridade da Lua Cheia iluminando o caminho, minha filha Isadora lembrando das histórias de Lobisomem que tínhamos contado para ela, até um certo momento se mantinha repreensiva olhando pela janela do carro a penumbra das montanhas entre uma curva e outra, quando perguntado se ela estava com medo, veio a resposta.

 "-Papai, a gente tá na cidade do Lobo Mal, mas o Lobo Mal daqui é bonzinho..." 

 Depois de quase 1/2 hora, chegamos ao centro de Joanópolis, ao contrário do camping, lá estava calor, as blusas ficaram no carro e saímos para dar uma volta na praça, aliás, o mais tradicional dos passeios em cidades do interior é dar a "volta na praça". De inicio a praça estava vazia, mas com aproximação do horário da missa, as pessoas começaram a aparecer, alguns adolescentes circulavam a praça de carro, enquanto as meninas andavam em duplas pelo meio da praça jogando o tímido charme de interioranas aos garotos. Fomos então explicando para as crianças que ao contrário da nossa rotina de cidade grande, onde damos "volta" no shopping, lá as pessoas preferem a praça, onde ao contrário de nós urbanóides, eles interagem muito mais com seus amigos, vizinhos e conhecidos criando um clima descontraído e muito gostoso. Apresentamos o ponto máximo de entreterimento local para as crianças, algo inéditos para eles, o CORETO.



 As crianças logo fizeram amizade com outras que ali estavam acompanhando seus pais que logo  assistiriam a missa da Vigília, brincaram de correr dentro e fora do Coreto, até que em um certo momento, apareceu um sapo na praça. Nova descoberta, a partir dai começaram a brincar de imitar o sapo pulando, era um pulo mais desajeitado que outro, a alegria corria solta, e como pai, eu vi a qualidade de vida que uma criança do interior pode aproveitar, mesmo estando longe de shoppings, cinemas e do agito das cidades grandes. Até eu e minha esposa entramos no clima bucólico da cidade e conseguimos namorar um pouquinho na tranquilidade da praça. Em meio ao momento romântico, surge as badaladas do sino da igreja convocando a todos para o inicio da celebração.
 Em frente a igreja surge uma fogueira, o povo se reúne com velas apagadas na mão, o padre aparece junto com seus coroinhas, ministros, beatos e beatas.
Meu filho Dudu pulando no meu colo apontando para fogueira louco de vontade de ir jogar alguma coisa no fogo, e minha filha Isadora segurando firmemente minha mão assustada com toda aquela estranha movimentação, solta a pergunta.
  "-Papai, eles vão caçar e matar o Lobo Mal ?". Algumas pessoas que estavam próximos caíram na gargalhada com a inocente pergunta da Isa.
 Resolvemos então comer um lanche no quiosque que fica do lado esquerdo da igreja, pena nesse momento ter acabado a bateria da câmera, mas fica meu relato e a imaginação do amigo leitor nesse momento. Logo de cara tinha uma peça de pernil defumada inteira sob o balcão, o cheiro exalava gostoso para quem se aproximava, não tive outra opção com a boca cheia de agua senão pedir o tradicional lanche. O chapeiro com toda habilidade de um samurai cortava inúmeras e finas fatias que caiam sob chapa quente, juntada a mais uma generosa quantidade de vinagrete, o cheiro delicioso fazia o estômago vazio roncar de fome, e para acompanhar esse delicioso lanche, no mesmo quiosque tinha um bico de Chopp, delicioso e bem cremoso, chopp escuro tirado da maneira certa e na temperatura certa. E tudo isso no conceito (3B -bom, bonito e barato), com fartura e preço justo.
 Assim que os fiéis entraram na igreja que se mantinha escura, sendo apenas iluminada pelas velas já acesas nesse momento, resolvemos que já era hora de ir embora, infelizmente precisávamos passar em algum caixa eletrônico, o que em Joanópolis não existe, tivemos de ir até Piracaia, foram +/- uns 45min de Serra, estrada bem sinuosa e com curvas fechadas. As crianças pegaram no sono, chegamos no camping quase 1:00am de Domingo, no camping já havia um pouco de serração, fomos dormir, acho que essa foi a noite mais gelada que passamos numa barraca, por sorte levamos bastante cobertores e tínhamos outros tantos de agasalhos. Por conta dos 3 copões de chopp que tinha tomado, precisei ir inúmeras vezes ao pasto dar uma molhada na arvore, em uma das vezes que sai da barraca no meio da noite, a serração tinha tomado conta do pasto, visibilidade era de uns 3 ou 4 metros a frente, lembro que fui até a arvore e já não dava p/ enxergar a barraca.
 Passada a noite gelada, lonas externas da barraca úmidas pelo forte orvalho, resolvemos nos despedir da cachoeira, ficamos lá até próximo das 11:00am, voltamos ao camping apreciando cada passo dado no caminho e já planejando um retorno próximo. Hora de arrumar as coisas e pegar estrada, enquanto minha esposa arrumava as malas e esvaziava os colchões, eu desarmava a barraca, nesse momento já bem seca, todos os cuidados necessários p/ guarda-la, boa parte dos campistas já tinham ido embora, e outros como eu arruando as coisas para bater em retirada, apenas alguns poucos campistas ainda resistindo p/ irem embora. São Pedro camarada dessa vez foi legal, somente deixando cair a chuva bem no finalzinho do feriado, por sorte eu já estava com todas as coisas no carro. Resolvemos antes de pegar estrada p/ casa almoçar no Caipirão e comprar algumas lembranças na cidade.


As crianças ficaram encantadas logo que chegamos ao Caipirão por conta do lago com Carpas, por ser Domingo o restaurante estava cheio, tinham bastante crianças correndo em volta do lago, algumas numa cobertura ao lado do lago faziam da rede um balanço. Eu e minha esposa com fome, logo tratamos de entrar no restaurante, pegar uma mesa e correr para o fogão de lenha. Já conhecíamos o restaurante de algumas estadias anteriores que ficamos na cidade em chalés, uma em 2002 e outra em 2004. A qualidade do restaurante continua a mesma, logo na entrada uma mesa com aperitivos e pingas feitos na região, ótimo p/ abrir o apetite, o fogão de lenha gigante, com diversas opções de massas, arroz, e carnes, alem de uma mesa enorme de sobremesas. Impossível de não perder a boa educação e repetir o prato ou mesmo de fazer pratos monstros e mandar as favas meses de regime e saladinhas. Mais um restaurante no conceito (3B), preço justo e comida farta, deliciosa, alem do excelente tratamento e rapidez no atendimento.
Logo que começamos almoçar, houve um principio de correria, um casal de pais e avós que ali almoçavam, correndo acudir uma menina que acabara de cair no lago, ela era uma das crianças que faziam da rede um balanço de parque, tinha tudo para dar errado, "Muphy" também estava almoçando lá. Depois do almoço, barriga cheia, hora de descansar nas dependências externas ao restaurante.

Os bancos tem uma leve inclinação p/ traz, fazendo assim diminuir a pressão sob a barriga cheia, alem de que ficam de frente ao lago que tem uma pequena cascatinha, e o barulho da agua caindo causa uma gostosa sensação de sono.





Na janela que da acesso a área administrativa do restaurante, tem um funcionário lá que te dá um balde com ração p/ jogar as carpas, essas de tão acostumadas que estão de sempre estarem sendo alimentadas pelos clientes, logo que se chega na beira do lago, elas já ficam no aguardo com a boca aberta pedindo comida, de tão domésticas que estão é possível passar a mão nelas.





Sem choro, hora de ir embora, mais uma passadinha na loja do artesão, as crianças queriam se despedir do Lobo Mal, e a Andreza louca p/ comprar algumas lembrancinhas, potes de doces e camisetas com o Lobisomem, tamanha foi a choradeira que eu acabei cedendo e lá se foi meu limite do cartão de crédito.
Na volta para casa demos sorte, a estrada estava vazia até próximo de Bragança Paulista, somente pegando trânsito próximo da Rod. Dom Pedro, por conta da volta do feriado. Foi um excelente passeio, que pretendo retornar mais vezes para acampar, foi legal ver que as crianças encararam numa boa as dificuldades que apareceram e contornaram qualquer situação sempre com um sorriso estampado no rosto, isso me faz crer que logo termos outras aventuras com a velha barraca canadense.

Um abraço.
Família Costa.

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